terça-feira, 5 de abril de 2011

Resumo - Problema Gnosiológico

Segundo Battista Mondin

Resumo do Capítulo 2

O Problema gnosiológico (do conhecimento) tem 3 aspectos principais: a origem e estruturação, o valor e o funcionamento correto. Este é abordado pela lógica, esse pela crítica e aquele pela psicologia. Existem 2 problemas de ordem psicológica que merecem maior relevo, um é relativo às formas de conhecimento humano e outro à sua origem.
Todo ser humano, segundo o Doutor Battista, é dotado de conhecimento sensível (referente aos órgãos sensoriais), memória e poder de fantasiar, porém, o conhecimento também nos traz outros saberes que englobam idéias universais e abstratas, princípios gerais e absolutos que não conseguimos classificar dentro de um gênero específico de conhecimento sem que haja discrepância. As questões que envolvem confusões acerca do conhecimento são matéria da filosofia. O professor ressaltou, ainda, que os pré-socráticos já as tinham como objeto de debate e que, logo, formularam teorias sobre o conhecimento. Parmênides e os pitagóricos acreditavam existir, além do conhecimento sensível, outro racional, sendo que apenas a este atribuíam o "valor absoluto". Em claro contraste, Protágoras, Górgias e os sofistas aceitavão somente a existência daquele.
No período clássico,porém, os grandes pensadores em geral concordavam que havia duas ordens de destaque nessa área filosófica: a dos sentidos e a do intelecto. No entanto, eles divergiam quanto às orientações,platônica ou aristotélica. Aquela se subdivide em conhecimento sensível por imagem direta, por imagem indireta (cópia), conhecimento intelectivo pelo raciocínio e pela visão. Já os discípulos de Aristóteles e Tomás de Aquino, pensam que a mente humana não detém o conhecimento intuitivo, apenas o relativo à abstração e ao raciocínio.
O sacerdote do Instituito Xaveriano acrescentou, também, que foi durante o período moderno que o problema gnosiológico ganhou importância, uma vez que o pai da filosofia moderna, Descartes, compreendeu que a solução para todos os demais problemas dependia da resolução deste e que, por isso, encontrá-la era fundamental.
Passado certo tempo, aqueles que admitiam tanto o conhecimento sensível quanto o intelectivo eram os racionalistas e os idealistas, enquanto os que acreditavam haver apenas o primeiro tipo de conhecimento eram os empiristas, os positivistas e os neopositivistas. Vale lembrar, assim como fez o autor, que até os dias contemporâneos, o problema das formas do conhecimento ainda não teve um desfecho conclusivo e satisfatório.
No que concerne à origem do conhecimento, é curioso refletir sobre a natureza dos nossos pensamentos. Embora já se tenha discutido muito sobre o assunto durante séculos, ainda não é possível se especificar se o homem, enquanto sujeito, tem maior influência sobre a formação de uma idéia do que o objeto.
Platão defendeu que todo o conhecimento humano provinha do objeto, mas sua teoria só foi convincente enquanto justificativa do conhecimento sensível. A fim de explicar o conhecimento intelectivo, o filósofo e matemático da Grécia Antiga criou um mundo ideal (onde estariam objetos imateriais e universais) com o qual, supostamente, a alma de uma pessoa teria contato antes de entrar em comunhão com seu o corpo. Dessa forma, quando alguém tivesse alguma idéia universal, estaria somente tomando consciência de algo anteriormente assimilado em outro plano.
Foi Aristóteles quem recusou-se a aceitar a validade do argumento platônico ao conhecimento intelectivo. De acordo com a sua visão, este dava-se, em grande parte, por ação do sujeito, responsável por pensar a idéia através da extração do elemento universal da análise dos dados oferecidos pela experiência. Já Santo Agostinho diferia da linha aristotélica na medida em que acreditava ser a "ação iluminadora", momento em que Deus coloca na mente humana princípios absolutos, a causa da origem do conhecimento intelectivo. Embora a doutrina agostiniana tenha encontrado terreno fértil para germinar em certas regiões, foi prontamente refutada pela tomista. Santo Tomás declarou que essa teoria desvalorizava a autonomia do homem e retomou a aristotélica ao propor que o conhecimento das idéias universais devia-se à abstração feita pelo intelecto humano.
Uma gama de outros pensadores renomados divergiram quanto à dimensão da ação que cabia ao sujeito e ao objeto na síntese do conhecimento intelectivo. Vale lembrar, também, de Kant - o objeto é responsável pela matéria, enquanto o sujeito, pela forma. Atualmente, se infere que a solução do problema gnosiológico deve ser buscada na harmonia entre vários fatores que, até então, haviam sido irrelevantes aos filósofos, tais como: o fator instintivo e o subconsciente, o social, o histórico e o lingüístico.
Em relação às questões sobre o valor dado ao conhecimento humano, logo a princípio se deve definir sob que olhar este atinge a verdade e até que ponto é confiável. No capítulo segundo da obra " Introdução à Filosofia", o professor Battista coloca em pauta as concepções de grandes filósofos arcaicos visando contrastar duas idéias principais. A primeira diz respeito ao fato do conhecimento intelectivo ser o saber capaz da aproximação à verdade absoluta, enquanto a segunda idéia (sofista) afirma que este nem existe e introduz o ceticismo ( que surge durante a crise da metafísica em meio à desvalorização da razão humana e ganha respaldo entre o último século antes de Cristo e o primeiro da era cristã).
Battista descreve, então, momentos de valorização do conhecimento humano intercalados com períodos de extremo ceticismo. Ele comenta sobre a renovação do "edifício filosófico" por Descartes que capta uma primeira verdade fundamental - duvido, portanto, penso; penso, logo, existo - e, depois, sobre um novo período de ceticismo. Até hoje, a tendência geral relativa ao valor do conhecimento privilegia o ceticismo mais ou menos extremado do que o racionalismo.
Ao tratar do método da filosofia no que concerne ao estudo gnosiológico, o Doutor por Harvard, Battista Mondin, cita os diversos métodos propostos por pensadores como Pascal, Vico, Hume, Kant, Comte, James, Bergson, Hussel e Popper, porém, explicita, ao fim do capítulo, que é o processo da falsificabilidade de Popper que recebeu maior destaque. Ele estabelece que uma teoria pode ser considerada científica quando satisfaz a duas condições: uma é a de ser falsificável (ter a possibilidade de ser futuramente contestada e desmentida) e a outra é a de ainda não ter sido provada como falsa de fato. Dessa forma, a irrefutabilidade não é uma virtude, mas, um vício.
Um outro dado relevante, ainda no trecho relativo ao estudo do método, é a reflexão, segundo a qual, quem filosofa visando mudar a realidade perde a liberdade na ânsia de mudança, o que inevitavelmente acaba perturbando o momento da contemplação filosófica, tornando a filosofia em pura especulação.
Finalmente, a última observação desenvolvida pelo autor no capítulo segundo se refere à filosofia da ciência (problema epistemológico). Esse ramo filosófico aborda questões específicas do saber científico (origem, conceito, finalidade,) e, nos últimos tempos, teve significativo desenvolvimento, originando três movimentos: o neopositivismo, a interpretação metafísica e o racionalismo científico.
Vale ressaltar a opinião de um dos mais renomados nomes do realismo metafísico, Émile Meyerson. Ele dizia que a ciência progredindo na direção do senso comum, cria essências, cujo caráter real não somente não é eliminado, como intensificado. Já, em se tratando de metafísica idealista, o inglês Arthur S.Eddington montou sua teoria baseado na "seleção"(atividade do intelecto espontânea e subjetiva que substitui a abstração do realismo metafísico).
Após tratar de múltiplos assuntos relacionados ao problema gnosiológico, Battista estabelece uma breve conclusão. Nela, fica evidente que a razão humana ainda não foi capaz de desvendar os mistérios do conhecimento e, portanto, nem de dar uma solução satisfatória ao problema gnosiológico. Entretanto, sendo o homem, filósofo por natureza e invencível em sua busca por respostas, a esperança de progressos na área é válida é cabível

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